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Nomofobia

O século XXI sofre com um novo tipo de fobia, a nomofobia. O termo - Nomofobia - também está popularmente associado à "doença do telemóvel" - ou aos transtornos de ansiedade que surgem caso a necessidade de estarmos constantemente em contacto seja interrompida.

Atos como o esquecimento ou perda do telemóvel, ou ainda uma simples falta de rede, são motivos suficientes para que os sinais de alarme se comecem a manifestar. O motivo está associado à necessidade de comprovar essa comunicação, vendo os e-mails com frequência, a um ritmo cada vez mais acelerado.

Para as pessoas com nomofobia, ficarem impossibilitadas de utilizar o telemóvel pode causar ansiedade e falta de ar, tonturas, tremores, suores frios, batimentos cardíacos acelerados, dor no peito e até ataques de pânico.

Estas pessoas não conseguem imaginar sair à rua sem o telemóvel e, caso se esqueçam, voltam atrás para o ir buscar. É também comum abandonarem o que estão a fazer para atender o telemóvel.

Em Fevereiro, um estudo realizado com cerca de mil pessoas no Reino Unido, país onde a palavra “nomofobia” surgiu em 2008, revelou que 66% diz-se “muito angustiado” com a ideia de perder o seu telemóvel. Noutra pesquisa, desta vez com jovens da Universidade de Maryland, nos EUA, constatou-se que a dependência de telemóveis, computadores e tudo que esteja relacionado à tecnologia pode ser considerada semelhante ao vício de drogas.  O estudo avaliou 1.000 alunos com idades entre 17 e 23 anos, em dez países, que ficaram durante 24 horas sem telemóveis, redes sociais, internet e TV.  Segundo a pesquisa, 79% dos estudantes avaliados apresentaram desde desconforto até confusão e isolamento com a restrição do uso de material electrónico. Outro sintoma relatado foi o da ansiedade, uma sensação  parecida com a de dependentes de drogas que lutam contra o vício. Alguns estudantes relataram, ainda, stress simplesmente por não poder tocar no telefone. Para muitos desses usuários, o vício de procura de informações é tão intensa que, mesmo a conduzir um veículo, não conseguem livrar-se do aparelho. Isso tem sido causa de graves acidentes.

Já num estudo elaborado em 2012 pela empresa SecurEnjoy em Inglaterra, verificou que 77% dos indivíduos com idades compreendidas entre os 18 e os 24 anos sofriam de nomofobia, enquanto que na faixa dos 25 aos 34 anos a sua incidência era de 68%. Este estudo constatou também que 41% dos entrevistados traziam consigo dois telemóveis para nunca ficarem “desconectados”.

Alguns especialistas acreditam que o uso excessivo das chamadas “novas tecnologias”  tornam as pessoas mais impacientes, impulsivas e esquecidas. Mas até que ponto a vida online atrapalha a vida offline? Não é difícil encontrarmos pessoas que comuniquem mais através das redes sociais do que pessoalmente e muitas vezes até preferem contactos virtuais. De fato, em situações mais graves, este problema pode afectar os relacionamentos interpessoais, havendo um distanciamento do mundo real e consequentemente um maior isolamento. Se houve mudanças na escrita através da adopção de abreviações e expressões que mais parecem ser códigos secretos, houve também uma mudança no comportamento humano. Não se trata apenas de enviar e receber mensagens, mas sim um início de uma transformação na maneira como as pessoas se comunicam.

E você? Está sempre conectado onde quer que esteja? Qual a sensação ao perceber que esqueceu o telemóvel ou smartphone em algum lugar e que corre o risco de ficar incontactável por algum tempo? Neste caso, a primeira pergunta a ser feita é: o uso da internet  está a interferir noutras áreas da sua vida?  Os afazeres pessoais e profissionais ficam em segundo plano para ficar online mais tempo? Frequentemente o  sono não é priorizado já que fica conectado até altas horas da madrugada?

Enfim, para se poder caracterizar uma dependência de telemóvel ou de qualquer outra tecnologia é preciso que o usuário tenha algum tipo de sofrimento directo ou indirecto, além de também sentir grande dificuldade em livrar-se deste hábito. Se por um lado a modernidade interliga pessoas a quilómetros de distância, também pode levar ao isolamento do mundo real. Por isso, reflicta e tome decisões no dia a dia para prevenir uma doença com efeitos físicos e psicológicos. Uma dessas decisões é a criação de regras, conseguir controlar o uso, afastando a dependência. Se não o conseguir fazer sozinho, é importante procurar ajuda psicoterapêutica adequada já que se trata de um transtorno de controlo dos impulsos.

 

Clara Conde