A reabilitação neuropsicológica é uma intervenção usada no diagnóstico de défices cognitivos derivados de quadros neurológicos e psiquiátricos. Corresponde a um conjunto de procedimentos e técnicas aplicados em busca de melhorar a qualidade funcional do paciente no seu quotidiano, à luz de pressupostos teóricos e abordagens metodológicas das neurociências. Estão envolvidos o neuropsicólogo e o paciente, outros profissionais de uma equipa multidisciplinar e cuidadores/familiares.

Muitas vezes os défices cognitivos causam consequências na personalidade do paciente e também nos aspectos sociais, especialmente relacionados com a capacidade do paciente de voltar às suas atividades profissionais.

Segundo Luria o funcionamento normal do cérebro depende de três grandes sistemas funcionais que interagem de forma hierárquica e recíproca. Isto é, as lesões em determinadas regiões cerebrais levariam à desorganização aguda dos sistemas funcionais. As intervenções neuropsicológicas, por sua vez, seriam responsáveis por um processo de reorganização desses sistemas funcionais. Nessa perspetiva, Luria desenvolveu também o conceito de adaptação funcional, em que uma habilidade já bem estabelecida pode ser utilizada para compensar a perda de outra função. A isto se chama “plasticidade cerebral”.

No entanto, deve-se salientar a exigência crescente na fase adulta na clínica neuropsicológica: necessidade de melhorar funções como memória, componentes executivos, atenção e comunicação para maior desempenho laboral, académico, entre outros contextos.

Já a habilitação neuropsicológica está relacionada com crianças e jovens, pois

problemas genéticos ou pré, peri ou neonatais, podem comprometer a aquisição e o desenvolvimento de uma certa função cognitiva, comunicativa e/ou comportamental. Assim, a intervenção pediátrica destina-se, muitas vezes, à habilitação de funções não desenvolvidas, daí o termo habilitar, em contraposição à recuperação de funções afetadas tardiamente em adultos por lesões adquiridas, reabilitar.